INDIOS
KAIKANGS QUEREM FORMAR ASSOCIAÇÃO
A idéia é ter as
famílias inteiras, principalmente crianças, produzindo peças artesanais e
comercializam bijuterias com motivos silvícolas para sustento da comunidade
(direita)
Índio segura machado no Taquaruçu
Quando
os exploradores portugueses descobriram o Brasil, nos primeiros contatos com o
homem branco, os índios trocavam artefatos feitos à mão por produtos
manufaturados. Cinco séculos depois, a cultura indígena agoniza e os
descendentes dos primeiros habitantes das terras tupiniquins são obrigados a retomar
a produção artesanal para garantir a subsistência de
pelo menos 40 pessoas da comunidade kaigang, moradores de fraiburgo – SC. O
projeto nasceu da necessidade de manutenção dos descendentes indígenas da etnia
Kaikang na região. A idéia é ter as
famílias inteiras, principalmente crianças, produzindo peças artesanais e comercializam
bijuterias com motivos silvícolas. Para
viabilizarem este projeto, os índios pretendem formar uma associação de índios,
descendentes de índios e fixar um ponto de venda que caracterize à sua cultura.
Em outras regiões o movimento indígena teve
problemas com os responsáveis pela
fiscalização do comércio ambulante alegam que os índios não comercializam
artesanato, e sim produtos industrializados.
Convidado pelo líder do grupo, o Cacique João Eufrásio, a reportagem do
jornal diário de Fraiburgo foi até o alojamento acompanhar a produção
artesanal. Durante uma hora de conversa, pelo menos quinze indígenas
confeccionaram brincos, colares e pulseiras e confirmaram que sabem produzir
cestos e artefatos usando taquara. Os índios mostraram que são aptos a fazer o
trabalho artesanal, mas que encontram dificuldades de conseguir matéria prima,
já que não possuem mais a terra, nem mesmo uma reserva que lhes garantam o
extrativismo. Questionado sobre a situação,
o cacique invoca o Estatuto do Índio, de 1973, que garante aos indígenas livre
escolha de atividade para garantir o sustento. “Na pratica não é assim que
acontece, a lei está do nosso lado, mas as forças contrárias são muitas, segundo
ele, a natureza não oferece mais a matéria prima para a produção dos artesanatos”.
Insistiu “O homem branco industrializou
nossas sementes. Antes vivíamos da pesca, do mel e das frutas”. Hoje, temos que
vender para sustentar as famílias, é uma questão que deve ser estudada a fundo.
Estamos no nosso direito. Vamos vender nossos produtos para os turistas. Esse
dinheiro é importante para a sobrevivência dos índios”, argumenta o líder.