14/02/2016

COLUNA DE OPINIÃO DE 12/02/2016

Reflexão de um eleitor

Está cada vez mais claro que no processo eleitoral em Fraiburgo, o grande desafio será escolher o “melhor” dentre as poucas possibilidades que naturalmente se apresentam. Em matemática aprendemos que quanto menor o universo de escolha maior será a chance de escolhermos errado.  O sistema imperfeito sempre nos direciona a indicar e escolher sempre os mesmos e esperar que eles façam diferente do que fizeram.  Poucas serão nossas opções: O PMDB aponta para Nelmar Pinz, no PSD não há a confirmação de Ivo Biazzolo, de certo apenas que terão candidato majoritário, no PSDB Edi Lemos vem ganhando terreno e no PP Juliano Costa tem maioria no diretório e na executiva e deve ser indicado como candidato oficial.  Neste contexto numérico e sem saber seus vices a eleição se divide em partes iguais e incertas, digamos que tudo pode acontecer, inclusive nada. 


Votar sempre nos mesmos

Como dizia Pedro Tadeu: “Porque vota o povo, que protestam que se manifesta, que se indigna, nos mesmos políticos e nas mesmas políticas contra as quais se insurge?” Porque é que os resultados eleitorais contradizem, sempre, o aparente sentimento popular? Porque é que o poder executivo é sempre entregue aos protagonistas circunstanciais do chamado "bloco central" ou sedimentados na "coligação de interesses" que gravita e vive do exercício “clientelar” do poder? Porque, só para dar um exemplo concreto, em classes profissionais como a dos professores, onde será difícil, depois da revolta e do aborto do processo de avaliação, encontrar um docente que fale bem dos três partidos dominantes, muitos votarão, na próxima eleição, num desses três partidos?


Eleger um sem pecado

Aos eleitores o sistema eleitoral, na prática (não na letra), só pede isto: a opção entre os partidos que se apresentam a votos para um ciclo de quatro anos de governação. Em face desse pedido, o que pode a maioria das pessoas perspectivar? Esperar eleger alguém, "limpo" dos "pecados" das anteriores governações, perene há muitos anos, e que radicalmente, em quatro anos, liquide a forma institucionalizada de gerir impostos e despesas, de distribuir e investir a riqueza do Estado e, ao mesmo tempo, saiba construir um novo sistema justo e claro? O receio de que uma ação radical desse tipo traga mais prejuízo que benefício é obviamente justificável. Resta a esses eleitores receosos optar pelo político ou grupo de políticos "menos mau". Eles sabem que em 1460 dias os eleitos com o seu voto não irão mudar o que é preciso mudar, mas, esperam, que alguns dos vícios conjunturais sejam corrigidos.


Votar no “menos mau”

Essa esperança, tão curta na ambição quanto é curta uma legislatura, será absolutamente sensata, nada tem de estúpida, mas criou o vórtice que nos afundou: essas políticas, erradas, foram no essencial, sucessivamente sem cessar, aplicadas com a legitimidade do voto popular. Ao fim de cada ciclo eleitoral torna-se sempre mais difícil reverter à situação e, perversamente, a posição dos que nos conduziram ao abismo saiu reforçada. E foi assim que chegámos, a votar de quatro em quatro anos, à crise de hoje, à crise filha do voto no "menos mau". Quer isto dizer que as eleições são más? Claro que não. O que isto quer dizer é, em primeira linha, que quem tem propostas alternativas para apresentar ao eleitorado tem de perceber este mecanismo e, se quiser ganhar eleições, demonstrar ao povo que, agora, no estado a que isto chegou, sensato mesmo é deixar de votar "no menos mau" e passar a votar no que realmente se acha bom.